Respostas do técnico do Atlético após empate pelo Brasileirão
Pergunta: Queria que você explicasse o primeiro tempo do Atlético, o Flamengo teve muitas oportunidades de gol. O Everson foi determinante outra vez. Inclusive, o Flamengo teve mais chances no primeiro tempo desse jogo do que no primeiro tempo da ida da final da Copa do Brasil. Sobre o primeiro tempo, o que não funcionou? E o segundo tempo, por que o Galo melhorou tanto e quase conseguiu a vitória?
Gabriel Milito: “Foram dois tempos muito diferentes. Primeiro tempo, domínio muito grande do Flamengo sobre nós. Nos custou muito defender o ataque deles, e também nos custou muito ter a bola e gerar ataques. Fomos superados, claramente, nos primeiros 45 minutos. Recebemos ataques, inclusive um pênalti. Everson, uma vez mais, esteve sensacional. Tivemos que mudar nossa estrutura defensiva. Imaginávamos que eles poderiam atuar dessa maneira, no 3-5-2, mas nos complicou a posição do Michael como atacante pela direita, se juntando ao Wesley, com Matheus Gonçalves. Eles teriam 3 jogadores ali contra 2 nossos, nos custou controlar. Depois, com estrutura para tentar controlar melhor o seu ataque, em primeiro lugar. Era o primeiro que tivemos que fazer, estávamos sofrendo demais. A partir desse controle, começar a ter as nossas ocasiões. Foi o que conversamos no intervalo. Mudamos essa estrutura defensiva, que era de 5-2-1-2, com Bernard. Segundo tempo, isso não poderia seguir igual. Nos últimos minutos do primeiro tempo, colocamos Hulk e Bernard por fora, com Deyverson controlando (Evertton) Araújo. Desse modo, tivemos um melhor posicionamento defensivo”.
“No segundo tempo, temos que reconhecer que é uma grande equipe, jogadores de muita qualidade, bons no espaço reduzido, nos contragolpes, pois têm muita velocidade. Controlamos melhor isso no segundo tempo e, a partir disso, começamos a atacar melhor. Primeiro, era neutralizar bem e, a partir disso, atacar com Hulk de fora para dentro, Scarpa por fora, Bernard de fora para dentro, e o Deyverson de referência. Isso funcionou melhor no segundo tempo, e por isso não houve esse domínio absoluto (do Flamengo). Houve essa correção. Há que entender que a equipe vem fazendo esforço muito grande, superando a dor da derrota na final, não é algo fácil para um esportista. Eles tinham o ânimo lá em cima, ganharam a final. Há muito cansaço físico e mental, dor pela final perdida. Era um desafio para nós esse jogo. A sorte esteve do nosso lado hoje, não sofremos gols no primeiro tempo, controlamos melhor no segundo tempo, atacando melhor. Esse é um pouco do resumo do jogo”.
Pergunta: Em determinado momento do segundo tempo, o Scarpa jogou mais pelo meio. Ele foi mais centralizado e o Galo cresceu de produção. Isso foi um dos fatores de melhora? A substituição de Hulk, ele sentiu algo ou foi opção sua?
Gabriel Milito: “Sobre o Scarpa, com essa linha de cinco, quando ingressa Alisson… Quando estava Hulk, ele gosta de jogar de dentro para fora e receber a bola. O Alisson gosta de jogar mais por fora, como extremo. Simplesmente fizemos para que Alisson jogue por fora e Scarpa fique por dentro. Ele fez uma partida muito boa, no aspecto defensivo, e muito criterioso com a bola, interpretou bem esse movimento. Falo do segundo tempo, pois no primeiro tempo não aconteceu nada do que pretendíamos. No segundo tempo, tivemos sequência de passe melhor, melhores conexões para criar mais chances de gol”.
“Sobre Hulk, ele vinha com uma sobrecarga muscular, ele queria estar no jogo de hoje, sabia da importância de sua presença hoje, e demonstrou, mais uma vez, que é o nosso líder. Outro jogador poderia preferir não atuar hoje. E ele jogou. Para mim é muito importante. Sabíamos que o Hulk não poderia jogar toda a partida, assim como Zaracho não poderia entrar, o Paulinho teria que entrar, porque não podia jogar a partida toda. Temos alguns jogadores com algo de dificuldade física, mas para isso também temos um grupo. Quando vimos que o Hulk já tinha dado tudo de si, colocamos Alisson para dar essa energia. Quando Bernard teve que defender no primeiro tempo, e fez isso com grande amor próprio… Ele quer jogar com a bola, e hoje, dada as circunstâncias, precisou jogar sem a bola, defendendo. Depois de um grande esforço, tivemos que substituir. Paulinho, com energia, conseguiu atacar. Sentimos que o Flamengo abaixou a intensidade e tinha mais espaço. A partir disso, poderíamos gerar algumas situações, equilibramos o jogo. Controlando o ataque deles, primeiro. Fizemos uma partida dura, tivemos circunstâncias especiais. Conseguimos um ponto que é valioso. Claro, é sempre melhor ganhar”.
Pergunta: Queria entender como está funcionando a sua cabeça sobre o Paulinho. É usá-lo no Brasileiro ou poupá-lo, principalmente com a chegada da final da Libertadores?
Gabriel Milito: “Eu gostaria, e ele também, de que ele jogasse todas as partidas. Todo futebolista quer jogar sempre. Estamos dosando Paulinho, porque ele vem de um problema físico faz um tempo. Decidimos que ele iria descansar no Brasileiro porque tínhamos decisões de mata-mata. Uma das copas terminou, temos seis partidas do Brasileiro, e iremos partida a partida. Ele terá mais participações no Brasileiro, claro, para que ele possa chegar da melhor maneira possível à final da Libertadores”.
Pergunta: O Atlético vem de sequência de jogos, você falou sobre problemas físicos. Inegável que o foco seja na final da Libertadores. O Brasileiro parece que tem tirado um pouco da paz do time. E vão ter alguns jogos até a final da Libertadores. Como está o seu planejamento levando em conta o preparo físico e mental da equipe para não perder o foco no Brasileiro e chegar preparado para a final da Libertadores?
Gabriel Milito: “Para nós, o torneio do Brasileiro era de expectativa superior. Imaginávamos ter mais pontos do que temos nessa altura do campeonato. Acho que isso tem relação com ser a única equipe que vai jogar todas as partidas do ano. Não há outra equipe do Brasil que irá atuar em todos os jogos do Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores. Isso é muito. Além disso, atrás de cada jogo, está o desgaste emocional grande. Muito grande. Há muito em jogo e os jogadores querem ganhar, como todos. E fomos obrigados a fazer mudanças a cada partida, para chegar às finais de cada Copa e seguir somando pontos no Brasileiro”.
“É um pouco do que aconteceu durante o ano. Se a gente não tivesse mudado tanto para atuar no Brasileiro, certamente não haveríamos alcançado as finais. Isso é questão de desgaste. Jogamos a partida de volta contra o Vasco e, três dias, a ida contra o River Plate. A partida de volta contra o River e, logo depois, a ida contra o Flamengo. Parece fácil, mas os jogadores são pessoas. É uma montanha-russa de emoções. Conseguimos isso por merecimento? Não tenho dúvidas disso. Acabou a Copa do Brasil, três dias depois jogamos hoje, e vamos jogar de novo depois de três dias. Agora, é partida a partida. Quem melhor estiver vai jogar a final da Libertadores. Gostaria que Zaracho jogasse hoje, mas não poderia, terminou com fadiga muscular na partida. O Hulk estava desgastado, Paulinho também. Há ao redor da equipe muitas informações que a imprensa e o público desconhecem, é algo muito interno, do nosso dia a dia. Agora, sim… O melhor que podemos fazer é competir ao máximo em cada partida até a chegada da final da Copa Libertadores”.
Foto: Pedro Souza/Galo
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