Técnico e capitão do Atlético concedem entrevista direto do Monumental
É véspera da grande final da Copa Conmebol Libertadores! O Atlético enfrenta o Botafogo no estádio Monumental de Núñez neste sábado, às 17h. Nesta sexta-feira, a delegação do Galo foi reconhecer o campo de jogo e, logo em seguida, houve coletiva de imprensa com o técnico Gabriel Milito e o atacante Hulk, capitão da equipe. Confira, abaixo, a transcrição das perguntas e respostas da entrevista pré-jogo.
Pergunta para Hulk: Você destacou por várias vezes que conquistar a Libertadores é uma obsessão. Quando você esteve no gramado, sentiu o clima da decisão, o que passou pela sua mente? Vi que você estava numa videochamada com alguém…
Hulk: “Momento histórico, especial. Eu passo para os nossos jogadores que somos privilegiados de chegar a uma decisão tão importante. Temos que desfrutar, sem dúvidas. A responsabilidade é muito grande. O desejo de querer ganhar e realizar esse sonho, conquistar esse título tão importante na vida de um jogador profissional. Vai ser o jogo mais importante da minha vida, até o momento. Por tudo que envolve não só o jogo em si. Tenho certeza que estamos preparados. Vamos dar o nosso melhor. Estou disposto a deixar a vida dentro de campo para sair vitorioso.
Pergunta para Gabriel Milito: Foram vários meses de trabalho. Como você vê o Atlético chegando à final da Libertadores? Muita coisa em jogo, como seu time chega taticamente e mentalmente para esse duelo?
Gabriel Milito: “Chegamos muito bem, com muita vontade. Não pode ser de outra maneira. Como falou o Hulk, sentimos um enorme privilégio de poder estar aqui. Amanhã vamos jogar a final. Todos nós sabemos do sacrifício que fizemos, desde que começou a Libertadores, com aquele duelo contra o Caracas na Venezuela. Todos sabemos o esforço que fizemos para chegar até a final, merecidamente. Estamos aqui. Todos queremos a chegada do dia do jogo. Eles, que vão a jogar, melhor sabem jogar o futebol. Eu tenho muita confiança neles. Sinto que faremos uma grande final. Que seremos muito, muito competitivos para esse sonho de alcançar a taça. Temos que ter inteligência, controle emocional. Sabemos da importância do jogo, é indispensável e necessário entender que temos que jogar como sabemos”.
Pergunta para Hulk: Queria que você falasse sobre os dias na Argentina antes do jogo, o clima na Libertadores. Você disse que o Botafogo era o favorito. Queria que você explicasse sobre essa sensação….
Hulk: “Realmente falei que o Botafogo é favorito e continuo compartilhando da mesma ideia. Se você analisar, o ano deles foi melhor do que o nosso. Mas se trata de uma final, ganha quem chegar melhor no dia, quem estiver mais concentrado, errar menos. A semana foi importante para a gente. Não lembro quanto tempo fazia que não tínhamos uma semana para treinar. Tentamos relembrar algumas coisas que somos capazes de fazer. Tenho certeza que chegaremos amanhã na máxima força. Semana importante para focar no nosso sonho e desejo. Se queremos triunfar amanhã, temos que colocar em prática o que trabalhamos na semana. E acredito que temos condições disso”.
Pergunta para Gabriel Milito: Você já tem a escalação definida? Em que momento você considera que o Atlético chega a essa final?
Gabriel Milito: “Sim, tenho a equipe titular. Mas primeiro falaremos com os jogadores. Não haverá nenhuma surpresa. Estamos prontos e preparados. Estamos num momento, como disse, somos privilegiados de estar aqui. Então, com muito merecimento, esforço e justiça, iremos jogar a final. Uma oportunidade histórica para todos nós. Queremos dar uma finalização desse ano com o título da Libertadores, tendo em vista que é uma final como sempre foi, equilibrada, difícil. O sonho de ganhar a Copa está latente”.
Pergunta para Hulk: Como você enxerga o sistema defensivo do Botafogo?
Hulk: “Sobre a parte defensiva do Botafogo, é um time que se defende bem, não só a linha de trás. Consegue fazer uma linha baixa muito boa, saindo para o contra-ataque. Temos que impor dificuldades para a defesa deles, temos em mente o que precisamos fazer, treinamos bastante. É colocar em prática amanhã, estando no nosso melhor nível, e dar bastante trabalho para a defesa do Botafogo”.
Pergunta para Gabriel Milito: os melhores jogadores do Galo foram contra São Paulo, Fluminense e River Plate, com a pressão alta na saída de bola. Na minha visão, essa estratégia não deu muito certo contra o Flamengo na Copa do Brasil. Por outro lado, o Botafogo gosta quando o adversário vem para cima, e tem tido dificuldades contra equipes mais retraídas. Você pensa em mudar de estratégia para a final?
Gabriel Milito: “Nós estamos preparados para disputar uma partida de final pressionando muito o Botafogo neste início. Também estamos preparados para adotar uma posição de mais controle posicional, retroceder, tirar espaços, se necessário. A equipe entende perfeitamente quando pressionar, jogar na metade do campo, ou quando tirar espaços atrás, retroceder e estar juntos. Fizemos isso durante toda a Copa do Brasil, Libertadores, e muitas partidas do Brasileirão. Com acertos e erros, na Copa Libertadores, com muito mais acerto, na Copa do Brasil também, no Brasileiro com mais irregularidades. A equipe tem claro o plano de jogo. Trabalhamos isso e estamos preparados para esse tipo de partida, tanto pressionar o rival no seu campo, como adaptar uma posição de espera, defendendo mais no posicional”.
Pergunta para Hulk: Você encontra explicação para esse momento do Atlético, que venceu o River Plate por 3 a 0, e não voltou a ganhar depois…
Hulk: “É complexo responder isso. Se formos analisar, a gente conversa bastante. Quando a gente se classificou aqui contra o River, foi um alívio para a gente, era muita pressão, muitos jogos. Tirou um peso grande. Fomos pensar na Copa do Brasil. Jogávamos a cada três dias, pouco descanso, muitos jogos, viagens. Isso desgasta a parte física e mental. Então, perdemos a final da Copa do Brasil, não é fácil digerir isso. Talvez, excesso de confiança. Aprendemos com isso. Lógico que no Brasileiro não estamos em um bom momento, longe do que desejávamos, longe da pontuação que merecemos. Pecamos e estamos pagando caro. Amanhã é outra história. Mata-mata de Libertadores a gente só sofreu um gol. Quando jogamos coletivamente, somos fortes. Se chegarmos com essa ideia amanhã, de se entregar um pelo outro, tenho certeza que vamos desfrutar desse momento e, além disso, levar esse título tão importante para todos os jogadores”.
Pergunta para Hulk: Vimos um clima leve no treinamento do Atlético, uma cena de brincadeira do Deyverson com o Vargas. Como foi essa semana inteira de preparação também mental, e não só das atividades do treinamento em si?
Hulk: Eu não vi a brincadeira do Deyverson com o Vargas, mas precisa ter esses momentos também. Momento tão especial para gente, não é só ter coisas sérias. É desfrutar um pouco desse momento, trazer leveza pra dentro. Precisamos nos alimentar de coisas boas. Isso nos fortalece para ter o melhor futebol. Somos profissionais, sabemos ser sérios e também relaxar na hora certa. Essa semana foi fundamental a nível de trabalho, a nível de entender o que o professor quer nos passar. Futebol brasileiro, o calendário… Somos a equipe que mais jogou no ano, isso pesa. Semana foi importantíssima para gente e tenho certeza que estaremos na máxima força amanhã”.
Pergunta para Gabriel Milito: Num jogo desse, na sua experiência como jogador e treinador, é possível algo novo taticamente que possa mexer no curso da história do jogo? E como é jogar a fina da Libertadores no seu país?
Gabriel Milito: sobre nosso comportamento e tática, há um plano de jogo que iremos iniciar a partida. Em função disso, temos distintas alternativas, outras formas de atacar e defender. Isso tem a ver com muitas coisas, como o adversário vai jogar, o momento da partida, se estamos bem, mal. O resultado. A linha de atuação será a que o time mostrou durante toda a Libertadores. Seremos valentes, que se o rival nos permite, teremos a bola, atacar, defender longe do nosso gol. Tentaremos ser a equipe que fomos durante a Libertadores, foi assim que chegamos na Libertadores. Claro que há pequenos fatores que mudam a cada jogo. Enfrentar o Botafogo não é o mesmo que encarar o River, o Fluminense… Mas não podemos fugir muito da nossa maneira de jogar, do que os jogadores fizeram até aqui. Necessitamos competir coletivamente de forma perfeita”.
“Quando eliminamos o River Plate e voltamos para Belo Horizonte finalistas da Libertadores… Não sei, com os primeiros jogos, senti que o time ficou em Buenos Aires, esperando a final… Sei que é um erro, mas é humano. Temos a final da Libertadores, algumas partidas antes disso, com muitas mudanças, era impossível que Hulk jogasse todos os jogos, Paulinho também…. Bem, estamos em Buenos Aires, é especial. Estivemos aqui para enfrentar o River Plate, e agora estamos na final. É algo que nos dá confiança”.
Pergunta para Hulk: Você tem poder de liderança, sua palavra tem peso para os companheiros e para o clube. Como escolher o que dizer no dia a dia, na concentração, no vestiário?
Hulk: “Exercer um papel tão importante não é fácil. Quando você é nomeado como capitão da sua equipe, você não representa só o time, não só os jogadores, mas a instituição. Procuro honrar a camisa desse time que tem meu respeito e admiração. Não é fácil encontrar palavras para incentivar. Não tem motivação do que jogar uma final como essa. Tive a chance de jogar finais e ganhar títulos na carreira. Sem dúvida nenhuma, tem sido a final mais prazerosa de participar. São mais de 100 anos de história do Atlético, e vai disputar a segunda vez a final. Temos que olhar no espelho e saber que somos privilegiados de estar aqui. E é entrar para a história ganhando. Vão reconhecer nosso esforço, mas o que fica é o título. Vou deixar a vida lá dentro se precisar, porque temos páginas em aberto na história do Atlético”.
Pergunta para Hulk: Para você, qual será o elemento-chave nessa final da Libertadores para ganhar do Botafogo? E como é jogar a final num estádio tão histórico?
Hulk: “Primeiramente, é um privilégio jogar num estádio tão importante, por tudo que representa. O que fazer para ganhar? Poderia vir aqui e falar que vamos pressionar, ou baixar linhas e sair no contra-ataque. Para ganhar, tem que deixar a vida lá dentro, querer mais que os caras, não tem bola perdida nem cansaço. Temos que superar tudo isso e, então, teremos grandes chances de ganhar”.
Pergunta para Gabriel Milito: Como preparar o time para enfrentar uma equipe que tem muitas armas ofensivas? Sobretudo nos contra-ataques, tendo em vista que eles são muito fortes verticalmente?
Gabriel Milito: “A partida foi preparada tendo em conta o poder de ataque que o Botafogo tem, não somente em espaços e contra-ataques. Eles são equipes que atacam bem adversários mais fechados, pelo talento individual que eles possuem. Luiz Henrique, Savarino, Almada, Igor Jesus… Quando a bola chega para esses jogadores, são tão bons que podem ficar incontroláveis. Mas, em relação à nossa estrutura, temos isso claro. Precisamos atacar e é fundamental estar muito perto dos jogadores deles, dos possíveis receptores”.
“A transição deles quando estão defendendo, encontram rápido esses jogadores ofensivos. São muito velozes. Para isso, o que temos que evitar é perder a bola, e tentar finalizar em todos os nossos ataques. Ter tranquilidade, sem afobação, para atacar. Se os nossos ataques são interrompidos, e isso vai suceder, aí teremos um plano para tentar neutralizar a perda e o contra-ataque deles. Tem muito a ver com posicionamento e esse conceito de “ataque-defender”. É um conceito que conheço desde pequeno, sendo defensor. Quando a equipe está atacando, olhamos para os receptor rival. Se dermos um metro de vantagem, serão perigosos. Imaginamos a partida com a gente atacando, e protegendo o contra-ataque. E defendo pensando em como gerar perigo no contra-ataque. São duas partidas que vamos jogar dentro da mesma partida, penso eu”.
Pergunta para Hulk: Você é o maior artilheiro do Atlético na Libertadores, foi campeão do Brasileiro, da Copa do Brasil… Como você se sente sendo o “Hulk do Galo”, com a chance de finalizar essa história com esse título que falta?
Hulk: “Eu não quero encerrar amanhã não, quero dar continuidade nessa linda história. Fato que ganhamos títulos importantes aqui. Não ganhamos a Libertadores ainda, batemos na trave, semifinal em 2021 e, agora, temos a oportunidade de disputar a grande final, num estádio especial, onde tivemos a oportunidade de jogar a semifinal. Quero entrar para a história com mais um título importante. Eu e os meus companheiros queremos muito esse título. Estamos sonhando com esse dia. Quando acabou o jogo contra o River aqui, ficamos e fizemos uma promessa de voltar a levar a taça para casa. Não vai ser fácil, temos um grande adversário pela frente. O time que vive o melhor momento no futebol brasileiro, hoje. Grande adversário, grande estádio, grande final. Motivação maior do que isso não tem como. Tenho certeza que iremos chegar na máxima força para, se Deus quiser, entrarmos de novo na história do clube”.
Pergunta para Gabriel Milito e Hulk: Quem sair campeão amanhã, classificará para o Mundial de Clubes de 2025 nos EUA, com 32 equipes. O que significaria para vocês e para o clube participar dessa competição?
Gabriel Milito: “Particularmente, estou centrado na final de amanhã. Tudo que virá depois, pensaremos após a partida. Agora mesmo, a nossa energia está posta na partida de amanhã. Não posso pensar “no que vai acontecer em caso de…” Amanhã é uma partida difícil, exige toda a nossa energia. O que vai acontecer depois, vamos deixar para o futuro”.
Hulk: “Compartilho da ideia do Gabi. O mais importante é amanhã. Não podemos projetar o futuro se ele depende de amanhã. O mais importante é amanhã. Se Deus nos abençoar e nos permitir ser campeões, vamos pensar no futuro”.
Pergunta para Hulk: Antes dessa final, houve uma prévia entre Galo e Botafogo no Independência, um pós-jogo bastante quente. O Luiz Henrique, depois de Palmeiras x Botafogo, chegou a pedir desculpas para você. Como você recebeu isso? É um ponto final do que aconteceu no Independência?
Hulk: “Realmente, aquele jogo foi uma prévia porque aconteceu 10 dias antes da final da Libertadores. Mas aquilo ali era apenas mais um jogo do Brasileiro no qual as duas equipes queriam e precisavam ganhar. Sobre o Luiz Henrique, tem muito talento e qualidade, jovem, tem tudo para ser um craque. Acho que a gente aprende a perdoar diariamente, até porque erramos todos os dias e pedimos perdão. Eu fui defender o clube, ele falou ali do nosso clube. Está perdoado. Que ele possa aprender e crescer como jogador, que possa representar bem na nossa seleção e que Deus possa abençoar a carreira dele”.
Fotos: Pedro Souza/Galo e Conmebol/Divulgação
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