Confira as respostas do técnico argentino após empate na Copa do Brasil
Pergunta: Gostaria que você nos falasse dos primeiros minutos, dois gols sofridos rapidamente. Poderia ter custado caro. E as chances de gols perdidas também, o Galo poderia ter vencido com tranquilidade.
Gabriel Milito: O começo do jogo foi muito surpreendente para nós. Sofremos um gol, e recebemos rapidamente o segundo no meio de campo, em pouco tempo de jogo. A situação poderia ter sido muito pior, claramente, pelo que tinha acontecido nesses primeiros minutos. Tivemos duas situações de gols e fizemos, eles também. É algo que tem que servir de aprendizagem para tudo que virá. Temos que saber que o jogo começa a ser jogado no aquecimento. A concentração tem que ser máxima do minuto m a minuto final. Hoje, a equipe, depois, teve grande reação, e conseguimos empatar. Poderíamos ter vencido pelas situações de gol geradas. Mas, sim, gostei da reação do time, mas não gostei do começo do jogo. Foram “duas caras” a equipe. Fomos superiores depois desse começo ruim. Era merecido o empate, e também era justo chegar na vitória. Teremos mais 90 minutos na nossa casa, não será fácil. Se a gente achar que é fácil, podemos repetir o que aconteceu hoje nos primeiros minutos. O futebol ensina a todo momento. Não existe isso de ter uma equipe mais forte que outro. É melhor? Demonstre! Mas, na véspera? Não. Nós, temos que ter suficiente humildade de jogar todas as partidas com o mesmo compromisso, concentração. Isso deve ser a mentalidade de toda a equipe se a gente quiser aspirar a coisas importantes. Vamos aprender dessa lição que o rival nos deu para melhorar em todos os aspectos.
Pergunta: Fale da opção de deixar o Battaglia no banco e entrar com o Lyanco. Além disso, o Hulk sentiu a panturrilha, é algo que preocupa?
Gabriel Milito: Sobre Hulk, é algo que precisamos saber o grau da lesão que ele teve. Claro que me preocupa, jogador importante, nosso líder, capitão, jogador determinante. Mas ele é forte e, seja a lesão que seja, esperamos que seja leve, ele irá se recuperar pronto, por sua força. Sobre a primeira pergunta, por que não jogou Battaglia? Necessitávamos que Fuchs jogasse de zagueiro central. Além disso, Lyanco precisa atuar. Fuchs ficou por dentro, pois Battaglia vinha de sequência de jogos. Fuchs jogou meio tempo na partida anterior, estava melhor fisicamente e decidimos por ele. É isso.
Pergunta: O time do CRB marca individual. Você mudou no segundo tempo e o time voltou melhor. Não dava para antecipar essas mudanças, sabendo que o CRB joga assim a temporada inteira? Já entrar no primeiro tempo com mais movimentação… Vimos o Paulinho saindo mais da área. Foi algo que surpreendeu a marcação do CRB ou o time não rendeu o esperado por falta de intensidade?
Gabriel Milito: Não, não. Imagina: você sabe disso tudo e, se eu não soubesse também, estávamos em apuros. O seu comentário é correto. E eu, como não, iria saber que eles jogam com marcação individual. Quantas coletivas a gente não fez juntos? Me estranha que você me pergunte isso. Você está me subestimando, não? E eu não o subestimo. Você viu como conduzíamos a Fuchs no meio, para abrir os espaços com Alan Franco, Bernard. Abrir para que Fuchs pudesse se meter no espaço. Sabíamos que o três contra dois a gente teria no início, não sabíamos qual desses três jogadores iria conduzir. Poderia ser Lyanco, Fuchs ou Alonso. Foi o Fuchs, por isso avançou. Na segunda parte, também, houve uma ação na qual ele começa e termina na área rival, pois cada um dos atacantes perseguia os outros jogadores. Necessitávamos ter essa mobilidade para tentar desorganizá-los mais a todo tempo. Tivemos isso no primeiro tempo. No segundo tempo, a equipe jogou melhor e esse fator ficou mais marcante. Mas nós sabíamos que eles iriam jogar dessa forma, é claro. É o meu trabalho e da comissão técnica. O plano pode funcionar ou não, mas não me surpreende o adversário. O que surpreende é sofrer dois gols tão rápidos.
Pergunta: No seu sistema de três defensores, você tem o Saravia com características diferentes. Ele chega mais ao ataque. Qual o motivo da saída dele do time? Você não acha que ele ajuda o Scarpa no lado direito?
Gabriel Milito: Saravia é um jogador, um grande defensor, por sua potência e velocidade. E sabe atacar, como lateral. No caso de Lyanco, é mais um zagueiro. Mas, muito bom tecnicamente. Na partida anterior, ganhamos de um pênalti que o Paulinho sofre no passe de Hulk. Mas o Hulk recebe um passe muito bom de Lyanco, como lateral. É um jogador muito bom, de bom passe, que pode iniciar jogadas. Eu necessito que todos os jogadores tenham ritmo. Podemos entrar com o Saravia, com o Lyanco. Eu preciso vê-los competir e confio em todos que coloco. Lyanco saiu porque estava amarelado e marcava o jogador mais perigoso da equipe rival. Sem o amarelo, o Lyanco seguiria jogando e com orientações para se associar no ataque, com Scarpa e Bernard, assim como Saravia fez quando entrou. Na esquerda, nos associávamos com Alonso, Arana e Alan Franco, depois entrando o Zaracho. Sempre tentamos essas associações com muita movimentação. E sim, é verdade o que ele falou, precisávamos de mais mobilidade hoje. Para confundir essas perseguições do adversário. A equipe fez bem isso, excetuando o começo do jogo. Aquilo não pode acontecer para uma equipe que quer ser campeã. É a aprendizagem do futuro.
Pergunta: Você já tem na ideia um time titular. O Fausto Vera não pode jogar na Copa do Brasil, mas pode atuar no Brasileiro. Existe disputa de posição ou ele é titular?
Gabriel Milito: Todos os jogadores são disponíveis. Não classifico como titulares e suplentes. Há jogadores que começam o jogo e outros que terminam. São todos importantes. Traduzo: o Alan Franco, que começou, é tão importante como Zaracho, que terminou a partida. Qual é o titular? Qualquer um dos dois. É muito importante Otávio jogando de primeiro volante como Fausto Vera. Um dos dois terá que esperar. É tão importante Lyanco iniciando ou Saravia finalizando. Os dois são titulares, mas só pode usar um. É um elenco de alto nível e, quando trocamos, queremos sempre manter esse nível, para que a equipe mantenha ou melhore seu desempenho. Isso é ter um bom plantel. Há jogadores que iniciam e jogadores que terminam o jogo. E eu tenho que decidir. Eu queria jogar com mais jogadores, mas a regra não permite usar 13, 14 jogadores. Só posso começar com 11. E não é fácil escolher. Ela é minha, pode sair bem ou mal, mas é minha. É ótimo ter opções para cada posição, pela sequência de jogos. Então, Fuchs ou Battaglia? Os dois podem ser titulares. Eu decido.
Pergunta: Você não tinha no elenco aquele centroavante de referência na área. Muitas vezes hoje, o Galo cruzou bolas na área. Mas o Hulk, o Vargas e o Cadu não são esse centroavante… Existe essa conversa para ter esse jogador? Você acredita que é uma carência no elenco?
Gabriel Milito: Quase o Vargas fez um gol, hein? Sim. Sabemos que são muitos jogos no qual o adversário se fecha atrás, nós temos que fazer associações, mas haverá os cruzamentos e com necessidade de ter gente na área. Se temos a possibilidade de ter especialistas no jogo aéreo, melhor. Agora, trabalhamos com os jogadores que contamos, e com confiança. Os cruzamentos precisam ser de mais qualidades. São de qualidade, mas hoje alguns poderiam ter saído com mais qualidade. Reforço minha confiança nos jogadores, mas reconheço que gostaria de contar com um atacante de jogo aéreo como alternativa. Também precisamos sempre olhar outras vias para atacar e ganhar jogos, pois creio que Hulk pode marcar gols assim, Cadu também, ele fez um gol assim contra o Inter. Vamos trabalhar esse aspecto, que é importante. Contra equipes fechadas, um dos caminhos mais perigosos para fazer gols são cruzamentos. Hoje tivemos cruzamentos, Saravia errou um gol. Finalizamos muito dessa maneira e temos que seguir, melhorar na qualidade dos cruzamentos e marcar mais gols aéreos.
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