A grandeza e o projeto do Atlético, bem como o profissionalismo da diretoria, foram determinantes para que Rafael Dudamel aceitasse o convite do Galo. É o que afirmou o novo comandante alvinegro, que foi apresentado na tarde desta quarta-feira (8), na Cidade do Galo, pelo diretor de futebol Rui Costa.
“Quero, inicialmente, desejar a todos um feliz 2020, e que tenhamos um ano repleto de trabalho e, também, com muito sucesso, que é o que o nosso torcedor merece. Com muita alegria, apresento para vocês o Rafael Dudamel, que será o treinador do Clube Atlético Mineiro por, no mínimo, dois anos. Foi o contrato que fizemos. Ele vem acompanhado de quatro profissionais de sua confiança e que, hoje, são da confiança do Atlético. Desejo a ele muita sorte e que possamos fazer um trabalho com muita tranquilidade, sabendo das adversidades. Seja bem-vindo a um dos grandes clubes do mundo, que tem uma das maiores torcidas do mundo, uma marca muito forte e que tem, a partir de hoje, um dos maiores treinadores do mundo“, disse Rui Costa.
Dudamel destacou que , para tomar a decisão de treinar o Atlético, teve muitas reflexões em dois aspectos, o pessoal e o profissional.
“No pessoal, quando conheci e conversei com o presidente (Sérgio Sette Câmara) e o Rui, senti profissionalismo, sinceridade, um projeto de uma grande instituição como o Atlético, me senti respeitado, valorizado. Conseguiram me seduzir com respeito e com valor e isso é fundamental para qualquer pessoa. No profissional, conhecer o que significa o que o Atlético significa, a dimensão do clube, a possibilidade de trabalhar em um lugar onde já vou sendo muito feliz”, comentou.
Dudamel traz quatro membros para a comissão técnica: Marcos Mathías (auxiliar técnico), Joseph Cañas (preparador físico), Rodrigo Piñón (analista de desempenho) e Jeremías Álvarez (coach motivacional).
Confira outros trechos da entrevista do novo treinador atleticano:
Boas-vindas – “O mais importante para nós tem sido a grande recepção que estamos tendo por parte dos diretores e torcedores, a Massa do Galo, que tem nos transmitido muito carinho. Estamos seguros de que vamos poder contar com todos eles nesse lindo, mas duro trabalho que teremos pela frente. Não entendo outra maneira de poder alcançar triunfos senão com muito trabalho. Estamos ansiosos para começar a trabalhar com nossos jogadores para começar a conhecê-los e prepara-los para um ano de muita exigência, muitas partidas e muitos êxitos. Temos metas bem definidas e, para isso, teremos que trabalhar com muita intensidade. Pelo menos por dois anos, estaremos aqui na casa do Atlético, desfrutando de todo esse maravilhoso espaço que o clube tem, uma estrutura fantástica que esperamos aproveitar ao máximo. Sei a dimensão de chegar ao Atlético e me sinto muito preparado. Vamos buscar, a cada partida, dar o melhor para o clube e para os torcedores”.
Reforços – “Desde o primeiro momento que comecei a conversar com o presidente e com o Rui, mantivemos uma comissão permanente e constante, diariamente, com análises muito profundas. Para poder conversar com o Rui e ter propriedade, critério nas avaliações, vi muitas partidas da equipe, com vitórias, derrotas, para ter uma ideia clara de cada jogar. Não queremos gerar falsas expectativas. Sabemos que a imprensa e os seguidores estão ansiosos para conhecer os nomes, mas o que posso dizer, nesse momento, é que vamos ter um plantel mais jovem que no ano passado, com muito talento, e que, com o trabalho, vamos poder chegar a um nível superior. Por isso, sempre digo que temos muito trabalho pela frente. Isso é fundamental. Porém, o mais importante de tudo é que, junto ao talento do nosso plantel, possamos recuperar o desejo do triunfo, que os jogadores que cheguem ao Atlético possam corresponder com sua galhardia e a grandeza de defender a camisa do Atlético. Sem o desejo de triunfar, nem Dudamel, nem nenhum treinador estará tranquilo no Atlético. Os trabalhos de campo serão sempre fundamentais para preparar bem a equipe, mas o mais importante de tudo é que os nossos jogadores sintam, a cada minuto, a cada dia, o desejo de vencer, que tenham a grandeza para poder estar no Atlético”.
Referências – Uma mescla, uma combinação. Em minha carreira como futebolista, aprendi muito com meus treinadores e tive técnicos venezuelanos, colombianos, argentinos, iugoslavos. Isso me permitiu ter uma cultura tática muito ampla. Quando decidir iniciar a carreira de técnico, todas as experiências acumuladas são válidas, mas é preciso definir uma linha. No plano tático, muita escola colombiana, Maturana, Gómez, uma escola que, ao futebol colombiano, deu muitos resultados. Dos europeus, o trabalho permanente de campo, a intensidade e o profissionalismo. Quando eu era jogador, não tínhamos, naquela época, muitos costumes e hábitos profissionais. Trabalhando com treinadores estrangeiros, entendi que a disciplina á a base de tudo, é o primeiro fundamento que um futebolista deve ter. É uma combinação, mas sem imitação, uma identidade própria”.
Base – “Vamos observar permanentemente o trabalho e a evolução dos mais jovens. Terão muito espaço no time principal, mas precisam ganhar, precisam ter mérito para estar nessa primeira equipe. Hoje, um futebolista jovem chega muito facilmente ao profissionalismo, ganha muito dinheiro e a formação não é a correta. Nem tudo é dinheiro na vida. O jogador do Atlético tem que ser vendido para a Europa, ou para outros países, com uma formação completa, para que não precise voltar, para que possa sair e triunfar. Então, estaremos muito próximos para conhecê-los e fazê-los trabalhar com os profissionais, mas precisam ganhar. Jogador jovem, talentoso, tem que trabalhar o triplo do que um jogador consagrado, tem que se esforçar e sonhar, todos os dias, em chegar ao primeiro time e, para isso, precisa fazer um esforço muito grande”.
Mensagem para a Massa – “Minha mensagem para os torcedores do Atlético é que vim querendo ganhar. Como vamos ganhar? O tempo para alcançar os triunfos não pode ser o dos torcedores, tem que ser pela via da razão e não da emoção. Há exemplos, muito próximos, que demonstraram que o dinheiro não é a melhor opção para se alcançar os triunfos. Muitas vezes, com muito dinheiro, pode se alcançar triunfos, mas são alegrias efêmeras e, logo, o clube cai em um vazio grande. Há pouco tempo, o Atlético viveu momentos de muita alegria e, hoje, tem uma estrutura fantástica que o jogador deve aproveitar e valorizar para se entusiasmar e seguir ganhando para continuar no clube. O jogador do Atlético deve demonstrar o maior desejo de triunfar, de acordo com a exigência deste grande clube”.
Importância dos atletas – “Todos os jogadores serão importantes, sempre, para mim. Todos que permanecerem no Atlético é porque, de acordo com uma decisão em conjunto com o Rui, com a diretoria e com o meu ponto de vista desportivo, queremos que estejam aqui. Nenhum jogador foi imposto, essas são decisões ruins. Tomamos decisões a partir de convicções. Quando digo que os jogadores são importantes dentro e fora de campo, é que eles precisam ser inteligentes, pensar na equipe e não individualmente. Então, se ele não está feliz porque não joga, não é um jogador de equipe. Devem estar sempre inconformados quando não estão jogando, mas deve saber o motivo, o que pode fazer para ganhar um lugar, o que pode fazer melhor ou, simplesmente, uma decisão do treinador. Gosto de montar equipes competitivas e essas equipes não são formadas por 11, 13 ou 15 jogadores, mas por um plantel de 25, 28 ou 30 jogadores. Tenho a responsabilidade de selecionar, para cada partida, os melhores naquele momento, mas quem está fora, seja não convocado ou no banco, deve se sentir igualmente importante a quem está jogando. Muitas vezes, o jogador que vem do banco acaba ganhando ou perdendo um jogo, se não está focado e concentrado no trabalho. Então, para mim, todos são importantes e vou apoiar todos eles. Cada jogador irá requerer um trato diferente de acordo com sua hierarquia, mas há valores de equipe que vamos todos respeitar”.
Pressão por resultados – “A Venezuela nunca parte como favorita, mas a evolução foi produto da exigência interna, sentir-se capaz de ser protagonista e crescer. Os jogadores do Atlético, por natureza, devem ter essa grandeza, saber suportar essa exigência, jogar para ganhar, sem loucura, com equilíbrio e capacidade. Essa camisa não é só bonita, ela tem um peso muito grande para ganhar e o jogador de ponta tem que desfrutar dessa exigência, saber responder. Vamos vencer alguns jogos e perder outros, mas o importante é que sigamos, sempre, dando passos de crescimento e de força”.
ENTREVISTA COMPLETA DE DUDAMEL NA TV GALO