Veja as respostas do técnico do Atlético após a classificação na Copa do Brasil
Pergunta: Galo vinha de críticas e questionamentos antes de enfrentar o São Paulo. Agora, são dois jogos sem sofrer gols. Qual sentimento de classificar diante do atual campeão da Copa do Brasil?
Gabriel Milito: Muito feliz de passar para as semifinais. Séries contra o São Paulo eram muito complicadas para nós. Tínhamos que jogar da maneira que jogamos nos 180 minutos. Controlar muito bem seu ataque, pois eles têm jogadores de qualidade. Sem renunciar ao nosso ataque. E ter o controle do jogo em grande parte, sem a bola, mas com muita ordem, estrutura defensiva organizada. Não poderiam nos levar perigo e ter finalizações. E, em alguns momentos, aproveitar os espaços grandes para atacar. Os dois aspectos a gente fez bem. Primeiro, controlar. Depois, tivemos situações claras a partir de roubar a bola e sair. De Paulinho, duas situações claras no primeiro tempo. No segundo tempo também, com Hulk, de jogada e bola parada. No final, eles vieram para buscar o gol, e tivemos outra situação com Paulinho lançado e muito campo adiante. Os jogadores fizeram uma série muito correta, de amor-próprio, compromisso, vontade, organização coletiva para enfrentar uma grande equipe. Aproveitamos o gol marcado em São Paulo e hoje nos custou marcar o gol para ter uma tranquilidade maior e poder ter, todavia, mais controle da série e da eliminatória. Mas, é dar parabéns aos jogadores pelo compromisso e a maneira de jogar a série, espírito ganhador muito grande.
Pergunta: O Galo perdeu o Otávio lesionado, sendo um dos pilares do time. Você precisou fazer a modificação com o Battaglia voltando à “volância”. Como foi esse momento?
Gabriel Milito: Perdemos jogador importante no começo do jogo. Não estava nos nossos planos. Rapidamente, o substituímos com o Bruno Fuchs. Eu considerei que era melhor o Bruno na zaga e o Battaglia na contenção do meio de campo. Ele é um jogador que pode jogar de zagueiro, de volante. Tenho grande segurança de que ele faria muito bem, assim como Bruno estaria preparado para fazer o jogo que jogou, não é fácil controlar Calleri, ótimo centroavante, que precisamos estar concentrados o jogo todo com ele, qualquer distração, ele aproveitaria. Acho que funcionou bem a substituição.
Pergunta: Depois da derrota contra o Fluminense, você estava abatido nas coletivas. O que mudou para o Milito voltar a sorrir e brincar nas coletivas?
Gabriel Milito: As derrotas doem. Quando perdemos, dói bastante. E sou expressivo, para o bem e para o mal. Depois do jogo, sofro. Me recupero, entendo que é o futebol, se pode ganhar e perder. Mas quando o time perde, me recrimino, para saber porque o time não jogou, como eu poderia ajudar melhor os jogadores, que sempre dão ao máximo pelo clube, pelo projeto, pelo escudo. Sinto grande responsabilidade na derrota, gosto de assumir isso. Quando ganhamos e os esforços dos jogadores são recompensados, estou feliz por eles, principalmente. Convivo no dia a dia e sei o compromisso que eles têm com o clube. Eles querem jogar e ganhar. Quando isso não acontece, dói, me dói muito pessoalmente. Nas vitórias, tento ser mais equilibrado, e preciso ter mais controle emocional na derrota. Mas eu vivo o futebol assim, quando perdemos, sou o máximo responsável, por isso dor e tristeza nas coletivas. Não escondo minhas emoções, me mostro tal como sou. Hoje, contente na justa medida. Questão lógica de que todos jogam para ganhar, e, quando há o resultado, ficamos mais tranquilos. Caso contrário, ficamos intranquilos, pensando no que podemos fazer melhor.
Pergunta: Normalmente, os seus times sufocam os adversários, são linhas altas, posse de bola. Nesses dois jogos contra o São Paulo, foi diferente, mais recuados, saindo nos contra-ataques. O que você entendeu que deveria mudar de estratégia, uma vez que você havia dito que não abria mão de jogar no seu estilo?
Gabriel Milito: Bem, o jogo é muito amplo, então, nossa equipe deve ter distintas respostas em distintos momentos. Há momentos de fortaleza anímica, um não pode jogar de uma maneira. E há momentos em que pode haver perda de confiança. Então, precisamos recuperar a confiança para voltar a ser equipe agressiva. Tudo depende do momento do time, dos jogadores, do rival. Para essa disputa com o São Paulo, considerei importante ter uma boa estrutura defensiva, sem renunciar a atacar e ter a bola. Podemos melhorar. Mas, necessitávamos ter maior segurança, e a encontramos jogando com outro sistema tático. O mais importante é jogar bem, seja mais atrás, mais à frente. Quando perdemos muitos jogadores por lesões e outras coisas, tivemos muitos resultados negativos. Isso atinge a confiança. Pouco a pouco, vamos retomar o que fizemos lá no começo. Há que entender os momentos da equipe e dos jogadores. Não se pode ter, numa temporada tão exigente com grande carga de jogos, ter um nível ótimo todo o tempo. Então, algumas vezes, é necessário tomar cuidados, jogar um pouco mais com controle do espaço. Haverá momentos que vamos jogar com mais controle da bola. Eu gosto que a minha equipe seja valente e ataque, mas também necessito de um time que saiba jogar no seu campo próprio, se defende, e sair de contra-ataque. Jogamos com linha de três muitas vezes, agora com linha de quatro. Paulinho jogou por dentro várias partidas, agora está jogando por fora. Gosto dessas variações. O problema é não ter tanto tempo de treinamentos para aperfeiçoar essas mudanças. Só tive “semana longa” no começo, antes da partida de estreia contra o Cruzeiro, depois era jogo atrás de jogo, só com treinos de recuperação. Tivemos a Data Fifa, com as Eliminatórias. Consegui trabalhar, mas com a dificuldade: Paulinho e Everson não treinaram todos os dias, Alonso, Arana, Vargas e Alan Franco estavam com suas seleções. Tivemos tempo, mas não tive todos os jogadores. Temos que conviver com essa dinâmica. Com mais treinamento, sei que a equipe vai melhorando. Enquanto isso, temos que melhorando competindo, não há outra saída diante de tantos jogos.
Fotos: Pedro Souza/Galo
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