Técnico interino do Atlético comentou sobre a vitória no Brasileirão
Pergunta: Gostaria que você fizesse uma avaliação do 2024 do Atlético. Onde o Galo errou, na sua visão, principalmente se tratando de Campeonato Brasileiro.
Lucas Gonçalves: “Foi um ano bem atípico, ainda mais se comparar com outros clubes. Estávamos disputando duas finais de dois campeonatos muito importantes. Estávamos, claro, em dívida com o Campeonato Brasileiro, não tenha dúvida. É muito difícil tu mobilizar uma equipe para três campeonatos, em um mesmo nível. Sequência de jogos grande. Há desgaste físico e mental. Claro, as coisas se tornaram mais complicadas após as duas perdas do campeonato. Isso influencia no ânimo de todos. Em alguns jogos do Brasileiro, mesmo utilizando os titulares, não tivemos resultados. Quando abrimos o olho, já tem que vencer jogo, e o campeonato está acabando. Em pouco tempos, quando vimos, estávamos nessa situação. Mas não podemos ignorar o que foi feito. Não é fácil chegar em finais da Copa do Brasil e Libertadores, além de ter vencido o Mineiro, somos pentacampeões mineiros. Até determinado momento do ano, as coisas estavam indo muito bem. Acho que um pouquinho de atenção nos detalhes do Brasileiro, para não cometer tantos erros que cometemos em relação ao Brasileiro para não sofrer tanto até a última rodada, que foi o que aconteceu este ano”.
Pergunta: De repente o Atlético teve que enfrentar a situação de um possível rebaixamento na última rodada. Como foi administrar e trabalhar o grupo neste período?
Lucas Gonçalves: “Foi muito difícil. Pouca gente sabe, muitos de vocês nem imaginam o que foi esses últimos dias para nós da comissão técnica e os atletas, um nível de pressão para chegar a esse jogo com 12 jogos sem vencer, perda de títulos, saída de treinador. O peso de chance de rebaixamento. Tivemos que resgatar os jogadores, tirar forças de onde não vêm. São 73 jogos no ano, estão cansados fisicamente e mentalmente. Esforço de todos, da comissão técnica, da diretoria que acredita no trabalho, dos próprios atletas que tiraram energia para terminar o ano de forma digna e resgatar a honra da equipe, que é muito importante. Dentro das nossas possibilidades de hoje, sem olhar para trás, era fazer o melhor, vencer o jogo e chegar à Sul-Americana. O objetivo foi alcançado”.
Pergunta: Queria que você explicasse na parte tática e técnica esses dias para tentar algo diferente no Atlético. Porque as coisas não estavam se encaixando, com 12 jogos sem vencer…
Lucas Gonçalves: “Tem que levar em consideração que são poucos dias apra tentar corrigir uma coisa ou outra. O Milito teve trabalho de alto nível, coisas boas aconteceram na equipe. Não poderíamos apagar isso. É pegar o que estava funcionando e, na nossa visão, tentar ajustar e corrigir o que poderia ser melhorado, e em pouco tempo Ainda bem que temos um grupo de jogadores de alto nível. Poucos treinamentos, muita conversa, com vídeo, eles absorvem muito bem as ideias. É tambpem entender o adversário, o contexto, porque eles vieram aqui também jogando a vida. Nós repetimos a escalação, muitas pessoas poderiam entender que pouco foi mudado. Mas repetir a escalação não significa que é tudo igual. Modificamos alguns aspectos. Era um jogo muito risco. Então, ter segurança e equilíbrio para atacar. Saída com quatro, lateral oposto fechar com os volantes, para que a arma mais poderosa do Athletico-PR não pudesse nos machucar. Eles têm um contra-ataque perigoso, jogam dessa forma. Isso acabou acontencendo bem no jogo. Corremos poucos riscos na partida, até acho que oferecemos mais riscos ao Athletico-PR. Acho que faltou também ser incisivo em alguns ataques, embora a gente tenha controlado as jogadas. A vitória viria de forma natural, sem criar desespero, para não correr o risco de sofrer um gol”.
Pergunta: Você disse sobre a repetição na escalação, mas a mudança na postura da forma como o time jogou. Queria que você analisasse a forma do Rubens. Ele marcou o gol, mas fez um trabalho de movimentação mais firme, na defesa e ataque.
Lucas Gonçalves: “Todo mundo sabe da capacidade do Rubens. Eu, mais do que ninguém, porque o acompanho desde a base. O Rubens jogou muito na base como um meia-esquerda, ou volante atuando pelos lados. Durante um período, o colocamos no profissional como lateral, por necessidade, e ele deu boas respostas. Já atuou como ponta esquerda, também dando boas respostas. As virtudes do Rubens pouca gente discute, jogador de força, velocidade, entrega tudo em campo. Eu tinha confiança de que ele iria fazer um grande jogo. Sobre esse ímpeto dele, de levar cartão, é um jogador jovem e irá aprender com isso. Ele foi, como todos os outros, um grande responsável pela vitória”.
Pergunta: o Atlético, fisicamente, até o mês de setembro e outro, tinha mais vigor. Com as lesões, faltou peças para o estilo de jogo que o Milito queria implantar? Muitas vezes o Atlético teve que utilizar jogadores que iriam embora…
Lucas Gonçalves: “Em relação à queda física, muito natural nessa época da temporada. Alguns jogadores sentem e temos um pouco de declínio. É importante a gente entender, muitos jogos na temporada. E quando o resultado não vai te favorecendo, as coisas não começam a encaixar, tem que se defender bem, marcar alto para ir atrás do resultado, o que pode proporcionar contra-ataques para os adversários, e você tem um desgaste maior. As pessoas acham que é dificuldade física. Se você estiver melhor na temporada, demonstrará mais organização em campo, se desgastando menos. O elenco foi suficiente enquanto as vitórias estavam acontecendo, o time chegando às finais. Pouco se perguntava sobre isso. Claro, quando as coisas não dão certo, as dúvidas começam a aparecer, como o tamanho do elenco, a parte física. Temos que ter aprendizado em cima disso. E, se tiver que corrigir alguma coisa em relação a isso, se fizer sentido, certamente o Clube irá corrigir”.
Fotos: Pedro Souza/Galo
Siga o Galo nas redes sociais: @atletico