 
            Técnico analisa classificação do Galo na Copa Sul-Americana
 
              Pergunta: Depois de tudo que aconteceu durante a semana, com a você mobilizou a equipe para esse jogo decisivo da Sul-Americana?
Cuca: “Boa noite, sim, foi uma semana atípica. Eu nunca tinha passado por uma situação assim, foi a primeira vez. Confesso que vem muitas dúvidas na minha cabeça, quem escalar… Dificuldade enorme. Deixei para decidir o time só hoje de manhã, quando fizemos um treino às 11h de posicionamento. Aí sim, definimos o time. Mas com todos os acontecidos, é natural que fosse uma coisa que deixasse todo mundo tenso, como estávamos. Torcida, jogadores também… E um jogo decisivo, porque é mata-mata, Sul-Americana, Libertadores, é país contra país. Jogos difíceis. Não se faz jogo fácil só porque o adversário possa ter uma equipe de pouco nome. Só olhar outros brasileiros que ficaram pelo caminho… De bom nisso, é que passamos. Fico contente com a passagem, mas não fico feliz da maneira como se deu”.
“Acho que de bom mesmo, também fica que a essa hora mais ou menos, há 12 anos, estávamos sendo campeões da Libertadores nos pênaltis. Mais uma noite que passamos nos pênaltis. Quem sabe não é um prenúncio de coisa boa na competição?”
Pergunta: O Atlético passou no sofrimento, não tem feito bons jogos desde a volta depois do Mundial de Clubes. O que você projeta para o Atlético voltar a fazer bons jogos e conquistar resultados com mais tranquilidade?
Cuca: “Concordo com você que não estamos fazendo bons jogos. O jogo bom foi lá contra o Bahia. E não tivemos o resultado. Depois, um jogo duro lá em Bucaramanga, e depois o Palmeiras. Foram três jogos fora de casa. Esse foi o primeiro em casa e acho que foi relativamente bem jogado. Peca perder vários gols, não está com a confiança em dia, pressão enorme, os fatos que aconteceram de dois dias para cá mexe com a cabeça de todo mundo. O que fazer para o time jogar? Nós tínhamos um plano de jogo”.
“O time estava jogando bem no Mineiro, no começo do Brasileiro. Demos sequência. Perdemos jogadores importantes, o Cuello tá voltando hoje, não está na condição ideal. Perdemos um menino que eu falava que vocês iriam ver a falta que ele faz quando não estiver mais, que é o Rubens. Coincidência ou não, o ultimo jogo dele foi contra o Bahia. Menino que corre o tempo todo no campo, cobria os jogadores. Muitas vezes não aparece para o torcedor, mas a gente sabe. Além disso, perdemos os dois volantes, o Patrick, com problema na coluna, e o Franco (suspenso)”.
“O Fausto Vera estava com aquela história de vai sair, não vai sair. Ainda bem que não me precipitei, porque que tal eu tivesse falado um mês atrás: “Comigo você não joga mais”? Hoje eu precisei dele e foi bem. Tivemos calma. Ele foi útil. Se retratou ontem com o grupo, com todos nós. Se pos à disposição, que era o que eu esperava. Eu não ia atrás dele, não posso, ele havia tomado uma atitude. E, agora, tomou essa atitude de nos ajudar. Foi útil e fez boa partida. Vamos ver se, com o retorno de jogadores, melhora. Mas perdemos o Arana, o Lyanco está suspenso para o próximo jogo. São baixas consideráveis. Temos, dentro disso, que ter boa performance”.
Pergunta: Você citou os 12 anos da Libertadores. Hoje, quando foi para os pênaltis, veio na minha cabeça o jogo com o Afogados em 2020, eliminado nos pênaltis contra um time inferior. Foi uma virada de chave para o Clube, batendo campeão brasileiro no ano seguinte com você. Hoje pode significar uma mudança de chave? O que precisa acontecer?
Cuca: “Hoje não jogou mal, acho que jogou relativamente bem, assim como contra o Bahia. Foram três jogos duríssimos fora de casa, seria assim para qualquer equipe que fosse jogar essas três partidas fora de casa. Teremos mais quatro jogos duríssimos, serão dois contra o Flamengo fora, um em casa e o Bragantino (casa). É momento que os campeonatos se acumulam. Eu entendo o que vocês falam de performance. Mas é difícil. Vamos descansar hoje, treinar um pouco e nos mobilizarmos para jogar essas duas próximas partidas contra o Flamengo”.
Pergunta: Queria que você falasse dos jogadores que foram vaiados antes do jogo, como o Rony, Scarpa e o Igor Gomes. Eu vi o Scarpa sentindo menos, mas acaba perdendo o pênalti. E os outros dois? Fale da sua experiência, como resgatar esses atletas para que eles possam reconquistar o torcedor…
Cuca: “Eles são patrimônios do clube, e eu consigo entender todos os lados. Consigo entender o lado do torcedor. Eu acho que eu faria o mesmo, ia ficar muito bravo, revoltado. Eu consigo entender em grande parte o lado do profissional, também. Eles acionaram um botão de alerta, né? Três ou quatro ali. E um acionou direto a rescisão, que foi Rony. A gente, no meio disso, saiu bem, não perdemos ninguém. Mas há consequência”.
“Eu conversei com um por um antes de escalar. Falei que o mais fácil era tirá-los do time, era o que todo mundo quer. Eu ia ficar de bem com a torcida, mas não é o justo. Porque esses jogadores, com a bola no pé e com o coração, sem falar nada, demonstrar. Não é fácil jogar na pressão que eles jogaram. Eu discordo em parte do que foi feito, mas entendo. A partir disso que eles fizeram, porque tudo que Deus faz é bom. Já teve uma atitude em cima disso, praticamente neutralizamos as dívidas e a responsabilidade está jogada para nós, precisamos saber lidar com isso. É assim que vai acontecer daqui para frente. É mobilizar nos jogos fora de casa contra o Flamengo, para fazer boas atuações”.
Pergunta: Acho que você concorda que o nível de jogo do Atlético nessa altura da temporada não é legal. Queria saber se é uma questão física, a parte tática, o mental…
Cuca: “É o que eu acabei de falar na outra resposta. Mas eu vou fortalecer. A gente tem algumas necessidades no elenco, algumas carências, que elas fazem muita falta. Temos buscado esse volante há muito tempo. O Alan Franco, quando ele joga na Seleção, ele já jogou de segundo atacante. E ele é o nosso primeiro volante. Temos essa dificuldade. Tínhamos o Patrick, mas machucou a coluna. Perdemos o Cuello, jogador muito importante, e está retornando. Perdemos o Arana duas vezes. Estamos falando de jogadores importantes e numa posição que temos essa carência. Você vai dizer: “Ok, é por causa disso que o time não está jogando bem?”. Ainda perdemos o Rubens, que fazia o vai-e-vem, preenchia o meio de campo, e temos que encontrar alternativas sem ele. Não temos jogador com essa característica. Temos tentando com o Gabriel Menino, o Scarpa, o Igor Gomes. Daqui a pouco a gente acha o time ideal”.
Pergunta: Você tem o DNA de ter um time com dois pontas, ofensivo. Mesmo com turbulência de elenco que você citou, Rubens, falta de um primeiro volante para compor… Essa equipe, em dado momento no ano passado, performou bem com três zagueiros. Vimos essa formação no Mundial indo bem. Você tem pensando nessa alternativa?
Cuca: “Sim, a gente tem trabalhado essa possibilidade. Mas, em alguns momentos, as características dos zagueiros não combinam. Você para fazer uma trinca de zagueiros, tem que ter o que saiba fazer a sobra, outro que faça a saída de um lado, e outro do outro lado. Nesse jogo não teremos o Lyanco, contra o Flamengo. Temos que pesar isso tudo. Você não precisa ter três zagueiros específicos para isso. Hoje, em determinado momento do jogo, tínhamos o Fausto Vera de terceiro zagueiro, saída de três, pressionando o adversário”.
Pergunta: Dentre tantas perdas, temos uma chegada que é o Biel. E ele é um jogador rápido, boa condução, que, apesar de estar ali na frente, se destacou pelas assistências que deu no Bahia. Como você avalia a chegada dele? Ele disputa vaga no corredor lateral com o Cuello, ou mais pelo meio como é o Dudu?
Cuca: “Eu já utilizei o Dudu, depois Bernard, Igor Gomes e Scarpa. Todos os jogadores que temos nesse setor, que é de criação de jogada. Difícil quando enfrentamos hoje o Bucaramanga com uma linha de cinco e outra de quatro. Difícil enfrentar. Não temos um jogador que faça a referência, faça o pivô, são jogadores mais versáteis. Essa dificuldade existiu no segundo tempo, apesar de termos o domínio no campo, não tivemos profundidade para matar o jogo. Tivemos algumas chances que perdemos na cara do gol. Quanto ao Biel, vou conversar com ele, entender o momento técnico e físico dele para utilizá-lo da melhor forma. Eu o conheço como jogador de lado de campo. Vamos ver o que ele pode nos oferecer”.
Pergunta: O Galo se classifica no sofrimento e na bola que não entrou. O que te preocupa mais no elenco? O setor ofensivo ou o emocional? Agora complica com o mata-mata…
Cuca: “O que preocupa, entre aspas, é o geral. Não é o ofensivo. Demos 18 chutes no gol. Perdemos gols que não se perdem normalmente, matadores perderam gol hoje. Mas a gente tem que ter o equilíbrio na defesa, meio de campo, ataque. O Flamengo é uma equipe que joga sufocando ao adversário, sem deixar ter saída do jogo, busca a liderança do campeonato, jogo de casa cheia. Sabemos como é difícil. Temos algumas baixas consideráveis. Mas iremos nos mobilizar da melhor forma possível para fazer um bom jogo”.
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