Confira, na íntegra, as respostas do técnico do Atlético
Pergunta: Como você avalia o resultado? O Galo teve as principais chances. O que fazer nesse contexto? Não é a primeira vez que o Galo não sai com o resultado positivo, mesmo dominando a partida.
Gabriel Milito: “O sentimento é de que a equipe fez um grande jogo. Claramente, deveria ter ganhado a partida. Pelas situações geradas, volume de jogo, boa circulação de bola, recuperação da posse de bola. Primeiro tempo jogamos muito bem, obrigados o rival a modificar a estrutura defensiva, eles começaram com linha de quatro, e a gente, com as amplitudes e profundidades de Arana e Scarpa, levamos muito perigo. Depois, eles cobriram mais as laterais do campo com a linha de cinco defensores, quatro meias e um só atacante. Isso, para qualquer equipe, resulta mais complicações para gerar perigo. Ademais, na segunda parte, eles retrocederam para o próprio campo, jogando em 40 metros. Aumentou nosso grau de dificuldade. Mesmo assim, tivemos situações claras para obter a vitória. Estou contente pelo rendimento da equipe, pelo rendimento dos jogadores. Faltou ganhar. Era justo converter mais um gol, e falaríamos da grande partida que fizemos. Uma coisa é o rendimento, outra é o resultado. O rendimento foi ótimo, mas o resultado foi curto.
Pergunta: Fale da estreia do Bernard. Ele articulou jogadas, flutuou bastante. Ele se encaixou da maneira que você imaginou?
Milito: “Bernard é um jogador de muita qualidade, hierarquia. Além disso, grande mentalidade, competitivo. Por ser o primeiro jogo, fez uma partida fantástica. Participando bastante das zonas de ataque, construção de jogo. Colaborando muito defensivamente. Um reforço de muita hierarquia. Estou muito satisfeito com a partida que ele fez. Sinto que, com o decorrer dos jogos, vai atuar ainda melhor, pela questão de ritmo de jogo. Ele vinha de muito tempo sem jogar. Estou satisfeito também com Junior Alonso. Estou conforme com todos, a única coisa que me gera frustração é a vitória, que nós merecemos, mas não veio. Quando estava 1 a 0, tivemos situações claras para aumentar para 2 a 0. A equipe foi valente, atacou, foi para frente. Tentamos, com as modificações ofensivas, tentar ganhar a partida por todas as vias de ataque disponível, levando em consideração a disposição tática do adversário, com dois blocos bem baixos. Faltou acertar o gol da vitória”.
Pergunta: Você teve o quinteto ofensivo: Arana, Scarpa, Bernard, Hulk e Paulinho. Mas os defensores também avançam. Acha que será preciso dosar um pouco mais o ímpeto da defesa para uma proteção maior, ainda mais quando o placar está favorável?
Milito: “Eu acredito que temos uma postura equilibrada. É normal que o rival jogue, e alguma ação os jogadores podem perder certos duelos, e o rival terá campo para correr e isso possa gerar sensação de perigo. Mas a equipe… Se a gente analisar como o Juventude enfrenta os rivais, é com um estilo de construção, associativo. E, hoje, isso não aconteceu. Obrigamos o Juventude a iniciar as partidas com bolas largas, e controlamos isso muito bem. Recuperamos várias bolas, fomos cômodos com bola e sem bola. É normal que o adversário vá gerar contragolpes. Tentamos evitá-lo, e isso teve a ver com a nossa própria perda de posse de bola. Não vamos atacar e finalizar todo o tempo. É um risco que eu assumo. Tem a ver com a minha ideia de jogo, a minha maneira de sentir o futebol. Agora, depois, cada jogo vamos analisar e ajustaremos uma coisa aqui e outra ali para o futuro. Para mim, o importante é jogar bem o futebol”.
Pergunta: O seu time sofreu 12 gols nas últimas seis partidas. Continuando nessa tecla do equilíbrio defensivo, é algo que você tem olhar? Porque a narrativa do jogo será sobre chances desperdiçadas. Mas, se não tivesse sofrido o gol, o Galo sairia com os três pontos….
Milito: “Se a gente não tivesse recebido gol, sairíamos com os três pontos? Claro. Mas se tivéssemos marcado dois, três gols, e criamos para isso, também sairíamos com os três pontos”.
Pergunta: A defesa é uma preocupação para o senhor?
Milito: “Não, não. Hoje não. Se a preocupação nas partidas onde recebemos muitos gols é porque jogamos contra grandes equipes e ficamos com um jogador a menos. Contra o Botafogo, enfrentamos eles com 10 jogadores quase 80 minutos. Contra Palmeiras e Flamengo, ficamos com um jogador a menos. Só aí são 11 gols sofridos. É algo que aconteceu? Sim. Mas sempre? Não. Se vê o lado sempre negativo desse aspecto. Mas vamos olhar o aspecto positivo. Gostaria que vissem o jogo todo. Se quiser, o convido a assistir à partida na minha sala, para virmos juntos, e ficar mais claro. Quantos inícios de jogadas teve os rivais, desde o goleiro? Quantas vezes cruzou a metade do campo, quantas vezes recuperamos a bola? Agora, se a gente pressiona todo o tempo e nos geram 15 situações de gol contra a gente, é algo preocupante. Mas isso não aconteceu contra o São Paulo e hoje. Agora, eu como treinador, não quero que chutem contra o meu arco nenhuma vez, que não cruzem para o meu campo de defesa nenhuma vez. Mas, nós, empatando o jogo, não podemos ficar atrás”.
Milito: “Nosso estilo, e grandeza do clube, dos jogadores, somos obrigados ao protagonismo. Aliás, não obrigados, mas eu gosto de jogar assim. Não gosto de sofrer gols, de sofrer contra-ataques. Gostaria de chegar quatro vezes e marcar quatro gols. Isso é a eficácia. Mas isso não acontece com a gente ou nenhum clube do mundo, que cada ataque resulte em gol. Jogamos contra grandes adversários. Façam a conta! Quantas vezes o Juventude tentou atacar hoje, e quantas vezes isso se prosperou e virou perigo. Quantas vezes? Viram isso? Fizemos 22 finalizações, e, claro, não foram todos com chance clara. Talvez uns sete… O Juventude deu remates? Sim. Mas quantos foram claramente para virar gol. Falo das finalizações com perigo. O único negativo de hoje foi não ter ganhado a partida, sendo que fizemos de tudo para isso. Sempre há coisas para revisar, não existe a partida perfeita. Seguiremos recebendo ataque dos rivais, errando gols. Mas vamos melhorar a eficácia. Quanto mais ataques geramos, mais oportunidades de gols teremos. Eu não jogo para atacar duas, três vezes, com todos atrás. Muito menos se o jogo tiver 1 a 1. Em todo o momento a equipe jogou com a valentia que eu quero, para frente, controlamos os contragolpes. Quantas possibilidades de contragolpes e quantas foram realmente chances de gol? Essa é a conta, essa é a porcentagem, o que me dá um saldo positivo”.
Pergunta: O Galo anunciou o Fausto Vera, seu jogador no Argentinos Juniors. Você teve uma participação direta na chegada dele, tendo em vista que ele não tinha protagonismo no Corinthians? Como ele se encaixará no seu time?
Milito: “Todos os jogadores que chegam ao clube, nunca, jamais, será uma decisão unilateral. Jamais. Tudo se conversa com o Victor, e temos que estar de acordo. O jogador tem que ser aprovado por mim e pela secretaria técnica (CIGA). Nunca vai acontecer de chegar um jogador que foi aprovado por um lado, mas reprovado pelo outro. Se isso acontecer, vamos atrás de outros nomes. Assim trabalhamos. Todos os jogadores que chegaram, tiveram o aval da comissão técnica, do meu aval, e da secretaria técnica. Somente jogadores com a aprovação total, em conjunto. A maneira mais sã de incorporar jogadores é estando todos de acordo e convencidos. Fausto Vera é um grande jogador, contamos muito com eles, por isso jogou. Assim como conto bastante com os outros jogadores da mesma função. Agora, terei esse bendito problema para deixar um grande jogador no banco comigo, pois são apenas 11 jogadores. É um problema benéfico, muito melhor de quando tivemos que sofrer para organizar a equipe em outros jogos, com falta de opções. É uma situação diferente, mas difícil. Faremos o melhor que podemos, todos, eu, os jogadores, todos. Tenho grandes jogadores para eleger, essa é a minha função”.