Técnico analisa empate do Galo na Copa Sul-Americana
Pergunta: Qual avaliação você faz desse jogo? A torcida saiu chateada com o Atlético não conseguindo a classificação direta para as oitavas de final da Sul-Americana…
CUCA: “Um primeiro tempo bem jogado, com paciência, troca de passes, naturalidade na partida. Errando nas tomadas de decisões, aquele passe final que falamos. Geralmente são passes fáceis, né? E a gente errando na hora de dar a bola para o companheiro fazer o gol. São várias situações, assim. Fizemos o gol no finalzinho do primeiro tempo, e ainda conseguimos tomar o gol mais ainda no final. Erramos na saída, cometemos um pênalti que é pênalti, não é pênalti. Levamos o gol e a equipe se perde. É uma coisa natural do jogo levar o gol, não pode se perder. Pelo contrário, é se levantar e voltar a fazer o que estava sendo feito”.
“Voltamos para o segundo tempo e não conseguimos. O jogo não andou. O goleiro caiu e o jogo ficou parado por cinco minutos, esfriou a partida. Nós, com 15 minutos, não havíamos criado nada ainda. Trocamos o sistema, saímos do 4-4-2 para o 4-3-3. Aí piorou bem mais. As entradas não foram boas. Tentamos colocar o Menino aqui na lateral para ganhar uma troca mais ofensiva, tirando um volante. Tentamos, depois, colocar o Saravia para jogar o Menino para dentro, na busca de encontrar uma maneira de achar espaço no adversário. Tiramos o Alonso e colocamos o Rubens ali na zaga para ter uma saída de bola e ficar no mano a mano. Mesmo assim, tivemos perto de perder, porque as mexidas não surtiram efeito. Pelo contrário, elas foram piorando o time, que acabou desorganizado no jogo”.
“Entendemos que o jogador entra em outro ritmo de jogo. Mas eles abafam. O jogador entra 20, 25 minutos, parece que jogou 180 minutos. Porque era um jogo de alta intensidade, e a gente não teve a força necessária para definir, criar mais jogadas, se perdeu, o time ficou nervoso, desorganizado. Acabou que fracassamos no momento em que não poderíamos fracassar. Agora, como consequência, teremos que jogar um playoff”.
Pergunta: Como justificar, principalmente ao torcedor que veio à Arena MRV, um jogo tão ruim do time, fisicamente, taticamente, tecnicamente. Jogadores errando passes curtos…
CUCA: “Se pegar os lances do primeiro tempo, são lances fáceis. Você faz o mais difícil, que é chegar na linha de fundo. Tem um companheiro livre, e você erra o passe. Vai perdendo a confiança ao longo do jogo. Isso aconteceu. É assumir a responsabilidade. Procurar melhorar. Temos que melhorar. Primeiro tempo foi bom? Sim. No segundo tempo não. Jogo decisivo em casa e tínhamos obrigação de vencer para acabar em primeiro lugar no grupo. E não fizemos isso”.
Pergunta: O Atlético era favorito na fase de grupos e vai para os playoffs. Queria que você fizesse uma análise sobre essa campanha e agora tem mais dois jogos extras no calendário.
CUCA: “Foi avisado, se a gente é o primeiro, pula uma etapa. Isso foi avisado aos montes. Agora, tem que viajar, vencer lá na Colômbia e vencer aqui. Não tem outro jeito. É assim que segue”.
Pergunta: O Atlético tem tido dificuldades de dominar equipes que são inferiores. O que falta para o jogo coletivo do Atlético encaixar? Você assume essa responsabilidade?
CUCA: “Claro, eu assumo a responsabilidade. Mas você faz um tempo bom, bem jogado. No segundo tempo, você não faz bem. As mexidas são boas quando os jogadores entram bem. Quando os jogadores entram mal, as mexidas são ruins. Hoje, a grande maioria entrou mal. Não é má vontade, mas entraram mal, vai fazer o que. Se eles entram bem, dão outra dinâmica ao jogo, reacende a equipe. A torcida apoiou até o fim, não tem que reclamar, não vaiou em momento algum, só quando acabou o jogo, e, claro, merecidamente”.
Pergunta: Muito se falou sobre elenco curto. Hoje, esse time que entrou no primeiro tempo teria, na teoria, total capacidade de superar o Cienciano. Fez gols impedidos. Fale da responsabilidade dos jogadores, principalmente no primeiro tempo, que poderiam ter definido a partida…
CUCA: “Nós tivemos dois gols impedidos, o primeiro não se sabe se está ou não. Jogamos para matar o jogo. Mas não definimos bem. Qualquer bola, na única que tiveram, foi um pênalti em erro de saída nossa. Fizeram o gol e o jogo virou outro. A responsabilidade sempre vai ser minha. Eles sabem que podem e devem melhorar. Lances fáceis que estão errando e nos custam um gol, ou tomar um gol, que é o que tem acontecido. Vamos cobrar mais eles, vou fazer, e achar alternativas. A coisa boa do treinador, ele desfruta, quando ele encontra o time. Quando isso acontece, ele desfruta do trabalho, é gostoso. Você consegue colocar uma pitadinha de tempero, jogadas ensaiadas, mudanças táticas que você promove. Nós, no Campeonato Mineiro, encontramos o time, com vitórias consecutivas. Hoje, o time desencontrou. Não temos mais o time titular na mão, essa é a realidade. Estou sofrendo com isso, para achar o time ideal. Como vai achar? Mexendo. Quando ele te dar um resultado bom, então você aplica uma sequência para ele, independentemente de quem seja”.
Pergunta: A torcida ficou na bronca do “mais do mesmo” do que o Galo vem apresentando. Como está o clima no vestiário após essa partida? O que precisa mudar? Precisa de reforços?
CUCA: “É um jogo no qual o adversário atua com uma linha de cinco. Vai sobrar espaços é na linha de fundo, por dentro. Com dois volantes e mais três zagueiros, você não vai conseguir jogar. Criamos alguma coisa. O cruzamento é um passe nesse tipo de campo. E erramos passes fáceis que deixaria o companheiro na cara do gol. O mais difícil, que é chegar na linha de fundo com superioridade numérica, a gente fez. E na hora de dar ao companheiro, erra, erra e erra. Esse é o defeito. O defeito não é cruzar, mas é cruzar errado. O cruzamento é um passe, e pode ser rasteiro. Não tiramos proveito disso, ainda que tivemos grandes oportunidades para fazer o gol”.
“Eu não vou abaixar a guarda, o trabalho é duro, vai ser o contrário. Tem que ser assim. Vai vir a resposta, os resultados. Nós temos o Ceará agora, domingo, o Ceará há 10 dias sem jogar, vantagem física. Teremos que entender a forma ideal para jogar lá, combater, e sair com o resultado positivo. Teremos o último jogo contra o Internacional antes da parada. Estamos em conversação com a diretoria, para a gente ver o que de melhor iremos fazer”.
Pergunta: O torcedor xingou no fim da partida. Qual é o impacto disso para você? Essa chateação da torcida…
CUCA: “Eu vejo a torcida triste, machucada. Eu vejo a torcida do Atlético assim. E eu sinto isso. Para mim, me dói mais do que qualquer um. Mas a minha dor não adianta. Eu tenho que fazer o time jogar. É isso que eles querem de mim. Hoje, em um tempo, não conseguimos. Fomos penalizados em um jogo nervoso em que deixamos ficar nervosos depois do gol que levamos, em cima da hora. Jogo tranquilo, até o momento, fácil, sem nenhum chute a gol do adversário. A torcida tem toda razão no que ela decidir falar hoje. Outro dia chamou o time de sem vergonha com 29 minutos, o pessoal achou ruim, nós todos. Hoje, não. Ela apoiou os 90 minutos, até aquele chute no fim do Scarpa que o goleiro pegou, e foi para escanteio que não deu em nada. Quando termina, lógico que ela vai demonstrar o descontentamento. Estamos na Sul-Americana, que não é a Libertadores, e não conseguimos acabar em primeiro num grupo de quatro. Ela tem razão. Se eu fosse torcedor, faria a mesma coisa”.
Pergunta: O Atlético vai jogar contra o Internacional no dia 12. A torcida criou uma grande expectativa com o Dudu, que já está treinando. Ele faz parte desse time ideal que você tanto busca?
CUCA: “Eu vou achar o time ideal. Ele fugiu e cabe a mim encontrá-lo novamente, e vou encontrar. Agora, ele está treinando bem, vai poder estrear no dia 12, é uma peça que nos fortalece. Mas não acho que esse seja o problema nosso. Nós temos que melhorar muito em outros setores, também”.
Pergunta: Nas suas passagens pelo Atlético, em 2011 era uma realidade diferente na questão financeira. Em 2013, você teve um bom elenco, assim como em 2021 e 2022. Em 2025, você de volta, você atribui alguma semelhança com 2011 na questão do planejamento, no investimento? Porque os números e os desempenho lembram mais 2011 do que 2013, 2021 e 2022
CUCA: “Sua pergunta é muito boa, mas eu prefiro puxar para mim a responsabilidade. Não posso vir aqui e colocar a culpa em diretoria, em SAF. Quem não está fazendo as coisas por merecer somos nós, eu falo eu e o grupo de jogadores. Com esse time que temos aqui, poderíamos ter jogado mais. Tem peças que estão rendendo muito menos do que elas rendem. Muito menos. Temos que entender o por quê disso estar acontecendo. Esse é o princípio. Em relação a melhorar a equipe para o segundo semestre, com certeza a diretoria vê isso e as necessidades que temos. Certamente iremos fortalecer a equipe para o segundo semestre. Todas as equipes fazem isso. Você olha os grandes indo bem e vão ao mercado. Vamos ao mercado e ir bem, acertar na mosca os tiros que tivermos que dar”.
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